Jardim Japão

      Em 2.011, a Prefeitura de São Paulo, através da Secretaria da Habitação e do Instituto dos Arquitetos do Brasil, organizou um concurso de arquitetura e urbanismo que previa selecionar equipes para propor ações integradas de urbanização em 22 áreas do Município, com 86.000 domicílios. Essas áreas foram definidas pelo Plano Municipal de Habitação em função da presença de risco, precariedade urbana e vulnerabilidade social e comporiam o programa de urbanizações Renova SP. O Jardim Japão 1 é resultado de um dos três 1os. prêmios que essa equipe ganhou no concurso.

      concurso nacional 1º prêmio
      local:
      jardim japão/ parque novo mundo, são paulo – sp
      data: 2011
      área: 1.900.000 m²
      co-autor: b arquitetos e guilherme petrella
      cliente: prefeitura de são paulo – secretaria de habitação
      serviços: diagnóstico urbano-ambiental e plano urbanístico

      O PROGRAMA RENOVA SP DIVIDIU O TRABALHO EM 4 ETAPAS: DIAGNÓSTICO INTEGRADO, PLANO URBANÍSTICO, URBANIZAÇÃO DOS ASSENTAMENTOS E PROVISÃO HABITACIONAL.

      Este trabalho refere-se às duas primeiras etapas contratadas, que foram executadas através da compilação de informações oficiais e visitas a campo, sem cadastro dos moradores ou escopo para trabalho social e participação popular. O Jardim Japão 1, no Parque Novo Mundo, não apresenta problemas de risco geotécnico; as justificativas para sua inlcusão no programa eram a elevada vulnerabilidade social da jovem e numerosa população e o isolamento urbano dos 14 assentamentos precários e 02 conjuntos habitacionais, nos quais eram estimados 4.604 domicílios, próximos ao encontro de dois importantes eixos rodoviários do país: Rodovia Presidente Dutra e Marginal Tietê.

      etapa 1: diagnóstico integrado

      Essa justaposição foi apontada como uma das causas da vulnerabilidade social dos moradores, pois a presença das rodovias aliada à carência econômico-social favorece a proliferação de atividades marginais como o tráfico e a prostituição infantil. A sobreposição da planta atual ao traçado do Rio Tietê, anterior à retificação, demonstra que os assentamentos irregulares coincidem com o antigo leito do rio, o que agrava os problemas de titularidade dos terrenos e dificulta a regularização fundiária; além disso, os lotes industriais foram alteados, dificultando o escoamento das águas pluviais e criando pontos de alagamento. Por isso a precariedade foi associada às atividades industriais e às transformações físicas executadas, expondo o conflito entre o papel metropolitano da área (rodovias, indústrias) e a necessidade de qualificação do espaço local (habitação, equipamentos, áreas verdes, etc).

      O DIAGNÓSTICO IDENTIFICOU OBRAS VIÁRIAS INACABADAS E A PRESENÇA DE DOIS TECIDOS URBANOS DISTINTOS: UM PARCELAMENTO INDUSTRIAL E UM INTERSTICIAL, CARACTERIZADO PELA HABITAÇÃO PRECÁRIA DE ELEVADA DENSIDADE E PELO ISOLAMENTO FRENTE ÀS GRANDES GLEBAS.

      legislação

      meio físico

      aspectos construtivos

      transporte e mobilidade

      etapa 2: plano urbanístico

      O PLANO URBANÍSTICO FOI ORGANIZADO EM TRÊS EIXOS PRINCIPAIS: VIÁRIO/ MOBILIDADE, USOS E HABITAÇÃO E ÁREAS VERDES, QUE ORIENTAM OS PROJETOS DE URBANIZAÇÃO, NOVAS HABITAÇÕES, EQUIPAMENTOS E ÁREAS DE LAZER.

      O objetivo do plano foi reconfigurar o tecido urbano, conectando-o com o bairro vizinho, a partir da transformação de usos industriais em áreas de uso misto. Essa possibilidade foi identificada na existência de um grande terreno sob direito de preempção, no miolo no perímetro. A demolição dos galpões permitiria a desobstrução das divisas existentes e acriação de novas vias e quadras, onde seriam instaladas novas habitações, comércio, equipamentos e áreas livres. Junto à Dutra, foi estabelecida a Zona de Afastamento das Rodovias, limitada por uma via perimetral de tráfego pesado, onde são concentrados os usos industriais. Esse cinturão viário libera a área central para a inserção de novos usos, vias e ciclovias ao longo dos córregos, onde também é prevista a ampliação das áreas permeáveis vegetadas.

      novos edifícios / uso misto

      seções das vias

      reestruturação de usos e atividades

      reestruturação viária

      A maior parte das remoções previstas se concentra nas construções em madeira, com forte presença nos conjuntos habitacionais deteriorados. Na área mais central, em substituição aos galpões industriais, são propostas novas habitações, com variedade tipológica e construtiva, para atender às demandas familiares e implantar áreas livres diversificadas. Apesar de se tratar de uma área de várzea do Rio Tietê, a taxa de permeabilidade do solo é baixíssima e a ocorrência de áreas livres é praticamente nula, o que levou à definição dos cursos d`água existentes como os principais vetores de reestruturação, associados à inserção de áreas verdes e arborizadas em parques ao longo dos córregos Novo Mundo e Biquinha. Também são propostas áreas livres e verdes de referência ao longo do Córrego Novo Mundo, junto a equipamentos públicos de grande porte, de forma que possam servir não só a população moradora, mas, também a outros bairros próximos.

      AS MAIORES REMOÇÕES/ DEMOLIÇÕES PREVISTAS CONCENTRAM-SE NOS IMÓVEIS INDUSTRIAIS PARA VIABILIZAR A IMPLANTAÇÃO DE NOVAS UNIDADES HABITACIONAIS, USO MISTO E NOVAS ÁREAS LIVRES.