Morar Carioca

      O projeto premiado em 2010 pelo concurso Morar Carioca foi elaborado sob a perspectiva de uma ação municipal para urbanizar todas as favelas da cidade do Rio de Janeiro em 10 anos tendo os jogos olímpicos de 2016 como pano de fundo. Tal escala de intervenção representava a oportunidade de elaboração de novos parâmetros urbanísticos e ambientais mais adequados à realidade espacial das favelas, contribuindo para o avanço qualitativo das intervenções.

      concurso nacional – projeto premiado
      local: Rio de Janeiro – RJ
      data: 2010
      co-autor: B Arquitetos, Guilherme Petrella, José Baravelli, Renata Moreira e Tais Tsukumo
      consultor: Ana Ancona, Anaclaudia Rossbach e Ana Paula Barreto
      cliente:
      Prefeitura do Rio de Janeiro – Secretaria de Habitação

      situação existente

      metodologia de intervenção

      O PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DESTE PLANO DE INTERVENÇÃO É RECONHECER NO ESPAÇO PRECÁRIO SUAS POTENCIALIDADES E POSSIBILIDADES, AMPLIANDO-AS EM DIREÇÃO À CIDADE FORMAL.

      Propomos que o olhar sobre a área de intervenção parta da moradia, que deve participar do meio urbano em todos os aspectos: qualidade de acesso, adequação de infraestrutura, garantia de mobilidade e de sociabilidade. O grau de precariedade da construção e a identificação das potencialidades determinam o grau de intervenção em cada situação, definindo as áreas a serem consolidadas, adensadas, potencializadas, desocupadas. Ampliando esse raciocínio para a escala das vizinhanças, podem ser identificadas relações entre as áreas passíveis de intervenção e as centralidades. Essa abordagem pressupõe o domínio das escalas, do pequeno ao grande, de forma que em cada uma estejam refletidas todas as outras. Nesta leitura assumimos que a proposta organiza-se em uma gradação: da escala dos COMPONENTES, à escala dos ARRANJOS e, por fim, à escala da cidade e seus SISTEMAS.

      assentamento em encosta

      assentamento em área de várzea

      Os COMPONENTES são soluções técnicas pensadas a partir de ganhos na escala de produção que podem se traduzir em elementos pré-fabricados para determinados problemas construtivos. São propostos componentes para problemas de infraestrutura, mobilidade e habitação. A escala dos ARRANJOS apresenta a articulação entre as unidades básicas organizadoras da intervenção (casas e vielas) e os espaços e equipamentos públicos. Nessa escala, aparecem novas especificidades em função das tipologias geográficas de encosta ou áreas planas: controle de expansão, fronteiras urbanas, tipologias de equipamentos de uso coletivo, infraestruturas de transporte,saneamento e energia. O POSTO DE VIZINHANÇA, uma torre de reservação implantada no limite da infraestrutura convencional e do acesso de veículos é o ponto articulador das escalas de intervenção e configura a transição da rede convencional para uma rede de novo padrão.

      ESSE OLHAR PRETENDE INVERTER A LÓGICA DE INTERVENÇÃO NO ESPAÇO DA FAVELA: NÃO SE TRATA APENAS DE LEVAR O PADRÃO URBANO CONVENCIONAL À FAVELA, MAS DE CRIAR PADRÕES ADAPTADOS A ESSE CONTEXTO.
      DIRECIONAR AS INTERVENÇÕES QUE POSSUEM A ESCALA DA CIDADE PARA UM NOVO PADRÃO DE PLANEJAMENTO EM QUE A INTEGRAÇÃO DA FAVELA À CIDADE ACONTEÇA A PARTIR DE ÁREAS MENOS CONSOLIDADAS.

      A escala da cidade apresenta a inserção da favela nos SISTEMAS urbanos. Potencializa novas conexões com o espaço e a economia de toda cidade: equipamentos de geração de renda, estações de teleférico articuladas ao sistema de transporte (terminais de ônibus ou estações de trem e metrô); centros esportivos e de lazer que já funcionam com abrangência metropolitana.